Fim de tarde

Por Carol Santana





Antes de ler o texto abaixo, gostaria que você ouvisse essa música! Ela é a razão do texto! =]



Depois de uma longa briga com meu pai, decidi sair de casa. Como ele pôde ser tão injusto comigo? Sempre fomos tão amigos! Mas de um tempo para cá, tudo que ele faz é me criticar e me comparar com meu irmão mais velho.

Meus amigos sempre falaram que sou bonzinho demais. Que eu devia quebrar as regras e pedir logo minha parte na herança. “Você tem ideia de quantos anos mais seu pai vai viver?” Era o que eles sempre me falavam. E no fundo, eu concordava com eles. E se meu pai demorar demais para morrer e, no fim, eu for o velho da história?  De malas prontas, fui falar com meu pai. Quando eu o vi, meu coração até baqueou. Ele se virou com um largo sorriso, achando que eu o estava procurando para pedir desculpas (algo que sempre fazia quando brigávamos). Mas daquela vez, decidi que seria diferente. Ao invés de reconciliação, outra briga. Eu o ofendi. Ele se irritou com meu orgulho e falou coisas que eu precisava ouvir, mas não queria. Nos exaltamos. Pedi minha parte na herança e disse que era para ele olhar bem para meu rosto, pois seria a última vez. Meu pai, que sempre soube o que falar, daquela vez se calou. Ah! Como eu gostaria que ele tivesse brigado comigo!

Aquele silêncio era algo que eu não podia suportar. Ele, pálido, mas decidido, se trancou em seu escritório e ficou lá por algumas horas. Eu o esperei na sala. Por um momento, tive a impressão de ter escutado o choro do meu pai. Não dá para explicar a forma que ele olhou para mim quando saiu do escritório: a dor, a decepção que eu vi nos olhos dele...  Por um momento, achei que ele fosse implorar para que eu ficasse. Mas ele me entregou o envelope com a quantia que havia reclamado e me acompanhou calado até o portão de casa.

E eu, estupidamente orgulhoso, parti para viver a vida que tanto sonhei. Nem sequer abracei meu pai quando parti! “Tarde demais para me arrepender.” Foi o que pensei. E comecei a seguir meu caminho. Chega de cobranças e responsabilidades! Chega de comparações com meu irmão! Quando já estava a dar largos passos para longe de casa, meu pai gritou: “Filho! Te espero no portão!” Mania de família. Toda vez que alguém ia passar um tempo longe de casa, minha mãe, que já morreu, falava: “Te espero no portão”. E isso virou jargão lá em casa.

Eu dei de ombros e continuei a trilhar meu caminho.

"Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade. Por isso, foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos.

Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’.

A seguir, levantou-se e foi para seu pai. ‘Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou’”. Lucas 15:14-20


Um comentário:

  1. Bruna Carvalho08/01/2013, 10:34

    Lindo texto! Essa parábola é maravilhosa e sempre nos trás algo novo.

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