Em dias nublados, cada um que leve seu guarda-chuva

Por Eric Leuthier



         Aqui em Recife o tempo anda fechado. Muita chuva, muito alagamento e muito alvoroço. Ainda assim, o dia-a-dia segue normalmente: universidade, trabalho, casa/igreja e por aí vai. Em meio a um destes percursos, uma situação chamou minha atenção e me fez refletir um pouco. Deixa eu contar minha história e meu pensamento.

         Depois de uma madrugada de chuva, saí para a universidade cedo e ainda estava garoando; até então, tudo ok. Depois de dois ônibus e um engarrafamento que durou, aproximadamente, uma hora e meia, cheguei ao meu destino, entretanto o tempo já havia alterado e a garoa já havia se potencializado em uma boa chuva. Eu, como de costume, não ando com guarda-chuva/sombrinha/guarda-sol/toalha/sacola plástica ou nada do tipo, então tive que caminhar na chuva mesmo. Enquanto tomava banho, reparei que várias pessoas que me acompanhavam no ônibus estavam indo para o mesmo lugar que eu: o Centro de Artes e Comunicação (CAC). Pessoas andavam praticamente do meu lado e todos protegidos da chuva com a umbrella-ella-ella.

Foi aí que pensei:
"Sacanagem. Todo mundo com seu guarda-chuva, indo pro mesmo lugar e ninguém se oferece para compartilhar o guarda-chuva comigo. Quanto egoísmo!"
       Certo que eu não levei guarda-chuva porque não quis, mas outra pessoa poderia não levar um consigo  simplesmente por não ter ou algo semelhante. Mas isso realmente me fez pensar na parcela de egoísmo que a gente demonstra todos os dias em atitudes simples e até comuns. Assento reservado nos transportes públicos, um lanche com os colegas de trabalho/classe, uma informação a alguém que você reconhece que está deslocado, um guarda-chuva em meio à chuva. São coisas tão simples, mas que demonstram tanto o quanto a gente tem de individualismo impregnado inconscientemente (ou não) em nossa rotina.

       Como todos os outros textos meus, esse pensamento se aplica principalmente a mim. Preciso parar de olhar meu umbigo e começar a ampliar a visão. Desafio você a tentar fazer o mesmo, e não vai ser fácil. Algumas vezes, nossas atitudes egoístas estão tão inclusas em nossa vida que até para identificá-las é difícil. Como o Pai sabe de tudo e te conhece até melhor do que você mesmo, então nada melhor do que pedir auxílio a Ele com isso.

Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?"
"O que está escrito na Lei? ", respondeu Jesus. "Como você a lê? "

Ele respondeu: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".
Disse Jesus: "Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá".
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo? "
Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado.
E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.
Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele.
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.
No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.
"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? "
"Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". 
Lucas 10:25-37

Deus nos guie.

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